Nós tínhamos Nivaldo, Sotter, Jair Gonçalves e muitos outros bons jogadores. Jogo nervoso e
difícil e, pra ajudar, o árbitro era o rei do empate em clássicos: Afonso Vitor de Oliveira.
Nessa época, tínhamos muitas torcidas: a Fanáticos, os Guerrilheiros da Baixada, a E.T.A.F.
(Esquadrão da Torcida Atleticana Feminina), a Torcida Atleticana de Antonina e a NAÇÃO
Atleticana, a qual eu fazia parte na época. Ocupávamos o gol de entrada do couto e a Nação ficava
bem na divisa com a torcida dos verdinhos, quase na reta.Como é natural da torcida atleticana...
Festa divina, muito talco, muitas bandeiras, papel picado e tudo de bom que tínhamos
na época.O bandeira deste jogo (me recuso a falar o nome) sempre que tinha oportunidade
prejudicava o Atlético. Não só nesse, mas em outros jogos, sempre tentando de tudo contra o
Atlético. No primeiro tempo tivemos ao menos 4 chances reais de gol, mas todas eram barradas
com os alegados impedimentos do ataque. O bandeira errou em ao menos 3 lances fáceis. Sempre
contra o Atlético. A torcida já tava muito p..... com o sujeito e ele só estragando o jogo.Quando
veio o segundo tempo e junto o lance que decidiu o clássico. Contra-Ataque coxa, e o bandeira
levanta a bandeira marcando o claro impedimento dos verdes. A defesa atleticana titubeia
esperando a marcação, mas ele (o bandeira) abaixa rapidamente a bandeira e manda o lance
correr. Continua a jogada e gol de Lela.A torcida explode de raiva. Os jogadores espumam de
raiva. Todos do nosso lado inconformados com o lance. Estoura uma violenta briga entre
torcedores do Atlético e do Coritiba na divisa de baixo das torcidas. Do lugar onde eu estava, vi
que tinha muitas crianças na confusão. Não pensei duas vezes: fui lá em baixo para ver se
conseguia parar com a briga. Quando desci, desceu ao menos mais 20 membros da torcida junto.
Quando chegamos lá, a confusão já tinha praticamente sido controlada pela policia militar e o jogo
continuava.Foi quando ouvi a tal VOZINHA DO CAPETA!Alguém falou no meu ouvido: "Entra lá
e bate no bandeira MARCÃO!!!"Quando olhei, a torcida de baixo já tinha feito um baita buraco no
alambrado. Fiquei cego na hora. Quando vi, já estava dentro do gramado correndo e agredindo o
bandeira.A torcida atleticana neste momento explode. Começam a gritar meu nome "Marcão,
Marcão, Marcão". Senti o que muitos jogadores sentem quando tem seu nome gritado pela torcida
e posso dizer a vocês que é embriagante. Você se sente o máximo, indestrutível, invencível.E a
tal vozinha me fala, mais uma vez, bem baixinho: "Pô, você já tá aí. Então vai lá e bate também no
juiz e acaba com a partida."E eu, feito um imbecil, fui. Só tinha me esquecido que estava com um
daqueles tênis chinesinho (quem teve ou usou um sabe que pra escorregar não tem coisa melhor).
Corri, corri, corri e, quando fui tentar frear minha corrida, fui escorregando em direção ao Afonso
Vitor..... Ele me escorou, eu caí e veio a besteira da PM. Em vez de rapidamente me imobilizarem e
me retirar do estádio, vem um capitão da PM e diz bem alto: "Quebra o braço dele, quebra o braço
dele".O Nivaldo, que estava perto, vai pra cima do PM que me segurava e, do nada, o Rafael entra
no meio batendo em tudo e em todos. A PM me leva em direção ao vestiário do Atlético. O Nivaldo s
só fala para eu cair e depois sai correndo pro nosso vestiário. Mais do que ligeiro, caí. E assim que
o PM me soltou, saí correndo para o vestiário.Nesse caminho, descendo a escada, dou de cara com
o tal Capitão. Não pensei duas vezes: meti os dois pés nele e continuei minha corrida pro
vestiário.Entrei no vestiário e o tal feiticeiro tenta me tirar pra fora. Nunca me esqueci... O Nivaldo
peitou ele e não deixou que o feiticeiro me tirasse do vestiário.Do lado de fora a coisa não parou. A
PM tentando entrar no vestiário e os jogadores não deixando.Depois de muito tempo, o Sr. José
Carlos Ciccarrino (uma das grandes pessoas que conheci em minha vida e com quem, infelizmente,
errei feio), presidente da Nação na época,disse vem.Nos preparamos para tentar sair. Chego na
porta e tem um senhor baixinho, bem trajado, me esperando também. O corredor estava cheio
de PMs doidos para pôr as mãos em mim.Do nada, aparece o tal Capitão e empurra o senhor
baixinho (nunca soube seu nome). Olha para mim e diz: "Você está preso!" O senhor baixinho pede
calma e tenta argumentar com o capitão. O capitão, pra lá de brabo, grita:"SAI DA FRENTE
BAIXINHOO senhor, que até aquele momento pedia calma e falava baixo, solta um
grito:"BAIXINHO É A SUA MORAL. PARA VOCÊ SOU VOSSA EXCELÊNCIA (e mostrando a
carteira).SOU DESEMBARGADOR DO ESTADO E SE ALGUÉM TOCAR NO MARCÃO VOCÊ
VAI CUIDAR DO SEMÁFORO DE QUITANDINHA..........."O silêncio que se seguiu foi enorme.O
senhor me pegou pelo braço e fomos passando no meio dos PMs. Estes babavam de ódio, mas não
encostaram um dedo em mim.Quero dizer que realmente, não só da boca pra fora, me arrependi de
tudo que fiz neste dia, pois muitas pessoas poderiam ter até morrido e se ferido seriamente em uma
atitude IMBECIL que tive.A única coisa boa, por assim dizer, foi que eles, os verdinhos, ganharam
mas não puderam comemorar saíram calados do alto da gloriae hoje em dia tenho uma boa
amizade com o Afonso Vitor que, apesar de ter errado muito contra nosso atlético, é gente boa.
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sábado, 10 de setembro de 2011
A Vozinha do Capeta !!!!
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Sempre excelentes causos. Essa entrou para a história dos clássicos, e já passou repetidas vezes na RPC. Abraços Marcão.
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